Ambiente instável impacta vendas do cimento no primeiro trimestre
11 April 2023
Há uma perspectiva mais favorável para a produção e novas contratações que parece mirar um horizonte melhor da tendência dos negócios nos próximos seis meses.
O período prolongado de chuvas intensas em diversas regiões do país e a manutenção das altas taxas de juros, da inflação e do endividamento das famílias agravados pela desaceleração do mercado de trabalho continua refletindo no setor brasileiro do cimento. Diante desse cenário, as vendas do produto registraram queda de 1,2% nos primeiros três meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).
Em termos nominais foram vendidas 14,7 milhões de toneladas no trimestre, sendo que 5,4 milhões ocorreram somente em março, uma redução de 2,1% comparado com o mesmo mês do ano passado.
Na comparação por dia útil (melhor indicador que considera o número de dias trabalhados e que tem forte influência no consumo de cimento), as vendas do produto registraram em março 215,9 mil toneladas, uma queda de 2,3% em comparação a fevereiro e de -5,9% em relação a igual período de 2022. Assim, o resultado trimestral apresentou uma redução de 2,3% ante os três primeiros meses de 2022.
Os principais indutores do consumo de cimento continuam desacelerando em virtude do aperto monetário, incerteza fiscal e política, da menor renda da população e endividamento das famílias, que ainda segue próximo a 50% no limite da série histórica.
Nesse sentido, as vendas de materiais de construção seguem em queda, assim como o número de lançamentos de unidades residenciais. O nível da Selic, que estimula a demanda por produtos financeiros, e a menor demanda de imóveis fizeram com que as incorporadoras reduzissem os lançamentos para o segmento de médio e alto padrão. Por outro lado, o mercado sinaliza que a reformulação dos programas habitacionais pode impulsionar os empreendimentos de baixa renda para os próximos anos.
PERSPECTIVAS
Os principais indicadores de confiança caminham em direções opostas. Após dois meses em queda, a confiança dos consumidores subiu em março influenciada por uma melhora da percepção da situação atual e das expectativas para os próximos meses. No entanto, o índice não deverá se sustentar, caso não tenha alterações significativas no cenário econômico.
A visão sobre o setor da construção se manteve em patamar de moderado pessimismo, com uma tendência de desaceleração nos próximos meses devido a percepção negativa no ambiente de negócios e uma menor intenção de contratação de mão de obra.
A confiança da indústria voltou a subir em março. Há uma perspectiva mais favorável para a produção e novas contratações que parece mirar um horizonte melhor da tendência dos negócios nos próximos seis meses. Contudo, os empresários ainda percebem dificuldades, enfrentando os problemas no escoamento dos estoques, fruto do nível baixo de atividade no momento. Apesar da sinalização positiva, é necessário cautela considerando o cenário ainda de alta incerteza econômica.