Apostando na região
31 March 2014
Ao contrário do que muitas companhias fizeram, de entrar em estado de alerta ao ver que em 2013 a construção no Brasil mostrava sinais de desaceleração, a Zoomlion Cifa deu continuidade ao plano de abrir sua primeira fábrica da América Latina no país conseguindo erguer as instalações em apenas oito meses.
Apesar de que o cronograma da empresa em relação à abertura da fábrica e o início de operações tenha se atrasado um pouco, a companhia tem a firme intenção de inaugurar a mesma no final de março. “Já recebemos a visita de diversos clientes para conhecer nossas instalações e obtivemos um excelente retorno. Isso demonstra confiança no trabalho que estamos realizando. Estamos muito otimistas com isso”, garante Marcelo Antonelli, CEO da Zoomlion Brasil Concreto, quem entregou à Construção Latino-Americana alguns interessantes detalhes sobre os planos da empresa e as novas instalações na região.
Os equipamentos da marca comercializados no Brasil e em outros países da região sempre foram importados da China e da Itália e eram vendidos por meio de distribuidores. Agora, com a abertura da fábrica no Brasil, os clientes contarão com outros benefícios, segundo o executivo, como o FINAME (financiamento do governo brasileiro para a aquisição de máquinas e equipamentos novos), venda direta ao consumidor final e serviços personalizados de pós-venda, entre outros. “Em um mercado competitivo como o nosso, o papel e a atuação do fabricante é fundamental para o sucesso do negócio”, explica. A companhia trabalhará com as duas marcas, Zoomlion e Cifa, com o objetivo de oferecer aos clientes uma linha completa de produtos de ambas. Apesar de que a empresa ter conseguido, durante os últimos anos, uma cota significativa de participação de mercado no Brasil e tem até o momento mais de 300 equipamentos em operação, pretende agora chegar muito mais longe. “Nosso objetivo é obter, ainda este ano, 30% de participação de mercado para alguns modelos”, afirma o CEO.
A fábrica, que terá aproximadamente 12 mil m² de área construída, será uma plataforma para a fabricação, montagem, distribuição de peças de reposição e centro de treinamento para operadores para o mercado sul-americano, o que segundo Antonelli, ajudará a marca a alcançar todas as metas propostas.
Dentro da área construída, 1,9 mil m² serão utilizados para o centro de distribuição de peças e 2,4 mil m² para a realização de testes hidráulicos e estruturais para equipamentos de grande porte. A fábrica também trará outros benefícios, como a geração de cerca de 100 empregos diretos y outros 150 indiretos.
A Zoomlion, que está presente no Brasil desde 2008, começou comercializando bombas estacionárias e, em apenas alguns anos, conseguiu trazer também diversos equipamentos como bombas-lança, betoneiras, usinas misturadoras, entre outros.
Como analisa o mercado da construção no Brasil?
O mercado da construção ainda está lento com relação à liberação de novos projetos. No entanto, as expectativas são grandes. Este é um momento de apreensão, o mercado continua esperando pelo boom das obras de infraestrutura que não chegaram e são necessários para o desenvolvimento e são necessários para o desenvolvimento sustentável do país. Mas o Brasil ainda é visto com otimismo pelos fabricantes, já que está entre os que têm maiores necessidades de obras de sustentabilidade e condições para crescer.
Como analisa o ano de 2013 para a empresa?
O ano passado foi o ano da constituição da empresa no Brasil. Até 2012, estivemos representados pelo distribuidor.
Qual é a importância da fábrica no país?
Estar no país é fundamental para consolidar a operação, que do contrario, não consegue sobreviver às variações do câmbio e à falta de crédito. Essa presença é essencial para oferecer uma distribuição e suportes eficientes, sem contar a concorrência dos principais players que são todos chineses. Os clientes já foram avisados que estamos iniciando operações de forma independente.
Por que escolheram Indaiatuba?
Devido à excelente logística da região, infraestrutura da cidade, rodovias, conexão com o porto de Santos, os aeroportos de Campinas, Jundiaí, Guarulhos e Congonhas. O plano era ter a fábrica dentro do estado de São Paulo, que concentra aproximadamente 35% dos maiores clientes do mercado brasileiro.
O que será produzido na fábrica?
As instalações estarão aptas para fabricar betoneiras de oito e 10 m³, usinas dosadoras e misturadoras, auto bombas e bombas-lança. A meta para 2014 é fabricar 400 unidades.
Qual será a capacidade da fábrica?
A instalação terá capacidade para produzir 1,2 mil unidades por ano e, contando com todos os modelos, pretendemos alcançar a marca de 30% de mercado nos próximos três anos. Com o início das operações da fábrica, seremos capazes de produzir com qualidade superior à do mercado e, assim, atender as expectativas de nossos clientes, que são em sua maioria empresas prestadoras de serviços de concretagem, locadores de equipamentos, construtoras e empreiteiros.
Há planos de novas fábricas na região?
Sim, há planos. O objetivo será atender o mercado de equipamentos para elevação, guindastes, linha amarela e outros. O local ainda está em processo aprovação.
CONQUISTANDO MAIS
O Brasil é um dos lugares onde a Zoomlion está investindo suas fichas, mas não é o único. A companhia de origem chinesa também anunciou recentemente novos projetos, além de resultados positivos em outros lugares do mundo. Recentemente a empresa anunciou uma nova subsidiária para vendas e serviços na França e registrou um significativo crescimento de suas vendas no Reino Unido.
As novas instalações na França correspondem a outra subsidiária da Zoomlion Cifa (cabe lembrar que a asiática adquiriu a italiana Cifa em 2008). Depois de 11 anos de colaboração com o distribuidor Palfinger, a Zoomlion decidiu operar diretamente no mercado francês. A nova fábrica está localizada nas proximidades de Lyon, mas haverá uma rede de oficinas autorizadas por todo o território, as quais representarão as duas marcas, Cifa e Zoomlion.
Com relação ao crescimento em vendas da Cifa no Reino Unido (mercado que nunca foi um dos principais destinos para suas máquinas), a companhia anunciou um significativo aumento de interesse em seus produtos por parte dos grandes produtores de cimento, entre os quais aparecem empresas como Cemex, Lafarge e Heidelberg. Nos últimos tempos, os distribuidores do país entregaram à empresa diversos pedidos de compra de betoneiras e bombas de concreto.