BIM: metodologia chave
29 November 2022
Quem não quer: ter a chance de evitar erros, fugir dos deslizes e ter uma vida, quase, sem sobressaltos?
Um sonho da vida moderna, não? Se, infelizmente, na vida adulta tais ambições sejam ainda uma fábula, no mundo da construção, esses devaneios já são possíveis.
O BIM (Building Information Modeling// Modelagem de Informação da Construção) engloba desde o ponto de partida de uma tecnologia até todo o processo de construção, ou seja, começa no planejamento e segue até o projeto até a construção e as operações.
Com base em um modelo inteligente e habilitada por uma plataforma na nuvem, BIM significa a automação do uso da informação –integra dados estruturados e multidisciplinares para produzir uma representação digital de um recurso em todo seu ciclo de vida.
À medida que o uso do BIM aumenta, é essencial que a indústria da construção se mantenha atualizada com as últimas normas e certificações durante a seleção e aquisição de software, a fim de mitigar os riscos e economizar tempo e dinheiro.
Bernardo Etges, co-fundador da Climb Consulting adverte que a chave é uma maior compreensão do uso e benefício que a BIM trará para cada empresa e mercado. “Não há dúvida de que as necessidades impostas pela pandemia aceleraram as decisões de digitalizar e colaborar digitalmente”. O BIM representa esta vantagem, mas vejo que o mercado ainda não está realizando todo o potencial de gerenciamento de informações que ele permite”, diz ele.
Quando são necessários prazos muito exigentes ou mesmo a coordenação simultânea de várias frentes de trabalho, quando há complexidade, entra em jogo o BIM e todo o gênio humano.
Recurso construído
A transformação digital tem sido essencial para a maioria das indústrias durante anos. Especificamente em engenharia e construção, as normas e certificações BIM podem nivelar o campo de atuação à medida que as empresas integram o BIM em mais atividades. Com isto em mente, não é de se admirar que a aplicação do sistema tenha sido considerada primordial em novas aquisições de obras públicas em alguns países.
Interessante é o caso do Brasil, onde o debate sobre o tema tem sido essencial, pois o impacto da metodologia será significativo nos próximos anos. Em 2018, o Governo Federal criou a Estratégia Nacional para a Disseminação da Modelagem da Informação para a Construção, conhecida como Estratégia BIM BR. Em 2020 também publicou o Decreto 10.306, que exigirá o BIM como requisito para a participação de empresas construtoras em licitações públicas para grandes obras a partir de 2024.
Empresas em todo o mundo estão de olhos abertos para extrair o máximo de informações possíveis e garantir que o software maximize a eficiência e precisão no gerenciamento, bem como na definição de processos para melhorar a prática de modelagem. Desde benefícios na programação, estimativa e análise de risco, até processos colaborativos e melhor gerenciamento das instalações, tudo pode e deve ser calculado para evitar erros muitas vezes triviais.
Automatizar tarefas rotineiras e possibilitar novos níveis de criatividade
Daniel Lepikson - Responsável por Inovação na OEC, viu a empresa investir e coletar resultados com investimentos na tecnologia. “Na verdade, isto já vem ocorrendo. Como em qualquer processo, a atividade de construção pode e deve ser aprimorada com vistas a ganhos de eficiência e produtividade, para se manter competitiva. Certamente a inovação mais relevante dos últimos tempos na indústria da construção. O BIM facilita e viabiliza uma transformação digital ainda mais profunda desde a etapa de projeto até a fase de gestão do ativo. O método funciona como um facilitador para a adoção de outras tecnologias, como Realidade Virtual / Aumentada, IoT, Digital Twins, Smart Cities, dentre tantas outras.”, afirma o executivo.
Para ele, é importante mencionar também a automação e digitalização de processos em geral, algo hoje facilmente aplicável que neste mercado ainda pode se converter em uma vantagem competitiva. Há muitas oportunidades de melhoria pela simples substituição de processos manuais correntes pouco eficientes e grandes consumidores de tempo no dia a dia das construtoras.
Cidades inteligentes
O que se busca são soluções focadas na inovação e processos ágeis. Este é o cenário ideal: dados disponíveis para tomar decisões mais assertivas em tempo real, desde a redução do risco de acidentes no trabalho até a redução de custos, prazos de entrega e geração de resíduos, ganhando em qualidade e gestão inteligente.
De acordo com um estudo do McKinsey Global Institute, cerca de US$57 trilhões deverão ser investidos na construção civil até 2030 para acompanhar o crescimento do PIB global.
Este é um exemplo de demanda abrangente e um forte incentivo para que o setor invista em soluções inovadoras e torne a execução de projetos o mais eficaz, ágil e eficiente possível, além de mais responsável ambientalmente. Como as entidades governamentais em todo o mundo exigem uma resposta à mudança climática, os mandatos de sustentabilidade continuarão a ser implementados em múltiplos níveis de governo no futuro.
Os tempos mudaram e entender como tornar o processo de projeto mais eficiente, eficaz e prático para permanecer competitivo no mercado moderno é essencial para aqueles que querem alcançar resultados extraordinários.
A metodologia BIM, devidamente aplicada, consegue isso. Tudo o que é modelado é automaticamente quantificado, tornando as revisões constantes do orçamento mais dinâmicas.
Há também características como a geração de modelos virtuais tridimensionais e a capacidade de verificar interferências em projetos.
Algumas razões para aprender, dominar e aplicar BIM em empresas ou projetos são: visualização 3D (ou acima) do que está sendo projetado; noção real de espaço; ter elementos inteligentes de projeto, capazes de parametrizar globalmente sem perda de tempo; ensaiar trabalho no computador e realizar simulações virtuais; animações para demonstração explícita das atividades no local; realizar análises estruturais, energéticas, térmicas, de iluminação e sombreamento; extrair automaticamente informações de quantificação e orçamentação, etc.
Com tudo isso, o impacto do BIM sobre o mundo e a região não é nenhuma surpresa. Em 2020, o BIM Vision 20/20 LATAM, a primeira pesquisa sobre o nível de maturidade do BIM, revelou que 79% das empresas já utilizam a ferramenta.
Solução de gestão
A oferta tecnológica para o gerenciamento de projetos inclui o Linarc, uma solução tudo em um que elimina a necessidade de múltiplos sistemas. A empresa elimina os silos de comunicação em todo o portfólio de projetos, e a análise inteligente do sistema proporciona aos líderes empresariais uma utilização combinada de recursos.
“Construí a Linarc para eliminar as ineficiências que afligem a indústria da construção civil”. Utilizamos tecnologia, conectividade integrada, análise inteligente de dados e atualizações em tempo real para dar a todos as ferramentas, recursos e informações para que tenham o melhor desempenho possível. Como resultado, os projetos correm mais suavemente, andam mais rápido e são concluídos a tempo e dentro do orçamento”, disse Shanthi Rajan, CEO e fundador da Linarc.
Estamos falando de integração de projetos, e menos chances de errar, basicamente. Antecipação de não-conformidades, o que, no curso da execução real, levaria a atrasos e custos imprevistos.
A metodologia é tão relevante para a indústria da construção que também foi estendida ao planejamento urbano, com a derivação do CIM (City Information Modelling) e a criação de cidades inteligentes.
Avanços consideráveis
Também nos Estados Unidos, um gigante da indústria está construindoSmart, uma comunidade global de capítulos, membros, parceiros e patrocinadores liderada pela empresa matriz BuildingSmart International. A empresa é especializada na criação e desenvolvimento de formas digitais abertas de trabalho para o ambiente de ativos construídos.
Para a empresa, em sua essência, a openBIM - a iniciativa da buildingSmart de realizar projetos colaborativos utilizando fluxos de trabalho, padrões e processos abertos, transparentes e livres de uso - é um processo colaborativo neutro do ponto de vista do fornecedor.
“A questão do BIM remonta a um longo caminho. Na indústria da construção, defendemos o openBIM, que descrevemos como a extensão dos benefícios do BIM, melhorando a acessibilidade, usabilidade, gerenciabilidade e sustentabilidade dos dados digitais no setor de bens construídos. Os processos OpenBIM podem ser definidos como informações de projetos que podem ser compartilhadas e que apóiam a colaboração contínua de todos os participantes do projeto”, diz Aidan Mercer, diretor de marketing da buildindSmart.
Diferentes aplicações
Para Guilherme Odaguiri, superintendente do BIM e Excelência Operacional da Andrade Gutierrez, a disciplina de planejamento envolve muitas partes interessadas e quanto mais colaborativa for, mais eficaz será a qualidade de seu planejamento e execução.
“Uma das grandes características e vantagens do BIM é a colaboração. A metodologia BIM favorece a integração de todos os membros envolvidos nesta importante etapa, para que todos vejam as mesmas informações e possam identificar problemas potenciais e corrigi-los rapidamente. Penso que um ponto importante é também que, com a metodologia, é muito mais fácil simular o pensamento de planejamento, usando um dos principais usos do BIM, que é o planejamento 4D.”, declara.
Ele acrescenta que para que o BIM seja utilizado em toda a cadeia de valor da empresa, na prática é muito importante desenvolver processos e estruturar a empresa para que ela possa apoiar a implementação da metodologia em seus projetos. É necessário investir em tecnologia, no treinamento da força de trabalho, da engenharia às operações, e um dos pontos principais é que para que o BIM trabalhe na prática no local, tudo isso precisa ser considerado durante a fase de desenvolvimento da proposta.
A Vetor AG, o programa de inovação aberta de Andrade Gutierrez, tem sido a porta de entrada para que muitas empresas experimentem estes recursos. “Além de contribuir para o avanço da engenharia 4.0 no Brasil, o programa estimula a evolução do mercado como um todo”, diz André Medina, diretor de inovação da Andrade Gutierrez e diretor da Vetor AG.
Evolução dimensional
A tecnologia BIM evoluiu das dimensões 3D e 4D básicas para dimensões 5D, 6D e 7D mais sofisticadas.
A modelagem 4D BIM é um processo que cria conexões inteligentes entre o modelo digital 3D (que define a geometria da obra) e as informações relacionadas ao tempo das diversas atividades necessárias para a execução da obra.
Em 5D, é essencialmente o conceito de aproveitar os componentes do modelo de informação para extrair informações precisas sobre os custos.
E enquanto o 6D se concentra na sustentabilidade, o 7D cobre a gestão da manutenção e dos cuidados que um edifício deve ter durante seu ciclo de vida.
Além das 7 dimensões oficiais, fala-se agora de três outras “novas dimensões BIM”: 8D - segurança na fase de projeto e construção do canteiro de obras; 9D - construção ágil; 10D - industrialização da construção; e 10D - industrialização da construção.
Prêmios
A Trimble anunciou os vencedores do Tekla Global Building Information Modeling Award, um concurso bienal que mostra os projetos de construção estrutural mais impressionantes do mundo utilizando as soluções Tekla.
Mais de 132 projetos foram submetidos à competição deste ano, incluindo os vencedores do prêmio BIM regional da Tekla de 37 países.
O vencedor geral do melhor projeto BIM de 2022 é a Aliança T2, para seu projeto de expansão do Aeroporto de Helsinki.
Um projeto latino-americano foi premiado na categoria Infra-estrutura. Este é o viaduto Óvalo Monitor em Lima, Peru, que tem aproximadamente 2,2 km de comprimento e inclui uma passagem superior que consiste em uma ponte veicular de concreto armado com 870 metros de comprimento. Possui uma configuração de projeto de estrada complexa com seções retas e curvas. A subestrutura da ponte é composta por 2 pilares e 21 pilares, a superestrutura é um tabuleiro de seção contínua de concreto armado.
A equipe de inovação da TSC, juntamente com o construtor INCOT e o fornecedor de vergalhões Aceros Arequipa, utilizou engenharia detalhada (LOD400) e engenharia colaborativa VDC, pré-fabricação e IFC aplicado e conectividade em nuvem.
O júri reconheceu o impressionante fluxo de trabalho digital, pois diferentes equipes de projeto utilizaram o Tekla Model Sharing e o Trimble Connect como um ambiente de dados comum.
“A tecnologia tornou possível a existência de grandes populações. Grandes populações agora tornam a tecnologia indispensável”. Joseph Krutch - escritor.