Demolição e reciclagem: Demolição vencedora
11 January 2023
O Grupo Mitre, uma empresa argentina líder em demolição e reciclagem, não é nova no processo de premiação da World Demolition Summit, e na recente edição ganhou o primeiro lugar na categoria Reciclagem e Meio Ambiente.
A empresa tem uma longa história de inovação e desenvolvimento sustentável, com um forte foco na economia circular. De fato, em 2020 o Grupo Mitre foi a primeira empresa de demolição do mundo a ser certificada como B corp, um selo que garante padrões verificados de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade. “Nossos principais objetivos como empresa são atingir Zero Resíduos e Neutralidade de Carbono até 2030”, explica Maximiliano Mauriño, diretor de operações da empresa.
100% reciclagem
A operação que ganhou o primeiro lugar da empresa foi a intervenção na favela de Villa Rodrigo Bueno em Buenos Aires, Argentina, como parte de um programa de realocação executado pelo Instituto de Habitação da Cidade de Buenos Aires (IVC).
A vila era composta por 2.665 pessoas (996 famílias) e 563 casas. “Junto com o cliente (IVC), desenvolvemos um projeto de urbanização e integração social, cultural e ambiental. O projeto contemplou a intervenção de 309 casas, a provisão de infra-estrutura básica, espaços recreativos, bem como a abertura de ruas, a melhoria das casas existentes e a intervenção em espaços públicos”, explica o executivo.
Um dos principais focos da Mitre ao realizar este projeto (como em todos aqueles em que está envolvida) foi seu compromisso com a economia circular e a revalorização dos resíduos derivados da demolição, buscando sempre implementar ações para evitar o envio de resíduos a aterros sanitários. “Isto exigiu um planejamento rigoroso, identificando os produtos que poderiam ser recuperados antes do início do projeto. A demolição seletiva é primordial, desmantelando cuidadosamente as estruturas de forma ecoeficiente e em tempo recorde”, diz Mauriño.
Uma vez removidos os materiais com valor comercial para serem reinseridos no mercado através da venda, as máquinas entram para demolir a estrutura restante. Primeiro os metais são separados, para serem tratados por um pátio de sucata. Em seguida, o processo de peneiramento ocorre onde o concreto e os escombros são classificados de acordo com seu tamanho, para continuar seu caminho até o processo de trituração, onde um agregado ecológico de alta qualidade é obtido. “Graças à nossa política ativa de investir em tecnologia de ponta, incorporamos britadores de agregados que nos permitem processar materiais no local, que depois reintroduzimos no ciclo de produção da construção”, diz ele.
O total recuperado em Rodrigo Bueno foi de 883,33 toneladas. A recuperação desses materiais substitui a necessidade de novos produtos que requerem a extração de recursos naturais virgens, cuidando do meio ambiente das comunidades ao redor desses locais. Desta forma, a pegada de carbono gerada foi de 4,21 toneladas de CO2, o que equivale a duas árvores. “Entretanto, com base em nosso compromisso de alcançar uma gestão neutra em carbono até 2030, decidimos plantar 77 árvores, representando uma compensação equivalente a 20% do total de emissões de nossa empresa, na reserva natural próxima”, diz ele.
Pontos críticos
Fatores técnicos e ambientais criaram alguns grandes desafios durante a execução do projeto.
Os aspectos técnicos estavam relacionados às condições estruturais das casas a serem demolidas e das casas contíguas, uma vez que foram construídas presas umas às outras, usando as paredes contíguas como suas próprias ou as vigas vizinhas como suporte para novas estruturas.
Isto tornou a demolição muito difícil, pois era impossível analisar o método de demolição de antemão. “Portanto, para realizar este projeto, foi necessário tomar escoras e outras medidas para garantir a segurança dos colaboradores e dos vizinhos das casas vizinhas, que ainda moravam lá”, explica Mauriño.
No que diz respeito aos aspectos ambientais, o grande desafio veio das implicações da intervenção em uma favela superlotada com movimento pedestre intenso em todos os momentos, e também a poucos metros de um canal que flui para o Rio da Prata e uma reserva natural. “Nós nos concentramos na conscientização, nos dedicamos a treinar os moradores da favela. Era essencial para evitar a contaminação do canal, pois ele fornece água para um sistema de zona úmida que fornece abrigo e alimento para mais de 300 espécies”, diz ele.
Trabalhando juntos
Segundo o grupo Mitre, o projeto foi realizado com sucesso devido à empatia e compromisso comunicativo da equipe de trabalho, que conseguiu desbloquear todos os tipos de conflitos a fim de avançar com o projeto. O diálogo com os vizinhos era fundamental e eles estavam sempre dispostos a trabalhar juntos para resolver quaisquer questões imprevistas que pudessem surgir.
Um aspecto muito notável deste grande projeto foi que o Grupo Mitre incorporou parte dos habitantes da vila nas operações, tornando-os parte de seus programas de treinamento abrangentes e dando-lhes um emprego formal. Mais de 45% da mão de obra necessária para o projeto era da população local da vila. Dar trabalho decente a tantas pessoas deu à empresa uma imagem de aceitação e também garantiu segurança para seus funcionários.
“Nosso objetivo como empresa é promover a inovação e o desenvolvimento sustentável, com base em esquemas que incentivem a economia circular e a geração de um impacto positivo na construção. Através de parcerias com ONGs e cooperativas sociais, procuramos recuperar os resíduos que podem ser reciclados e/ou reutilizados. Procuramos conscientizar nossos funcionários e a comunidade sobre a importância de separar corretamente o lixo. O impacto ambiental do projeto buscou a máxima conservação do meio ambiente através da reciclagem, o que foi evidenciado e apreciado por todos os vizinhos de Rodrigo Bueno”, conclui o executivo.
Alguns marcos do projeto
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