Feitos para medir

O fabricante de equipamentos Leica Geosystems (companhia pertencente ao grupo sueco Hexagon) garante que a éra de instrumentos topográficos totalmente mecânicos ou óticos acabou e que os instrumentos digitais são essenciais para os empreiteiros que querem continuar competitivos.

Com certeza é possível trabalhar de maneira tradicional com um topógrafo profissional, mas os produtores de equipamentos afirmam que o fato implica ter pelo menos duas pessoas, exige conhecimento especializado e pode levar muito mais tempo.

As tecnologias de sistemas de navegação global de satélites, Global Navigation Satellite (GNSS, por sua sigla em inglês) -GPS e sistemas satelitais similares como o russo GLONASS e a rede europeia Galileo- para aplicações de construção avançaram rapidamente na última década e os empreiteiros costumam realizar tarefas de medição de precisão com a ajuda desse instrumento.

Mas assim como a tecnologia moderna deve ajudar aos empreiteiros a realizar medições exatas de maneira fácil e rápida, essas ferramentas devem ser práticas e intuitivas, além de lucrativas.

Garantir que a tecnologia GNSS seja "à prova de futuro" é outra preocupação chave dos fabricantes, já que, como está pensado, deveria se transformar em um sistema global para 2020, para o qual deve ser garantido o recebimento de sinais de satélites como Galileo, e talvez informação da chinesa Compass / Beidou.

Os fabricantes estão enfrentando estes problemas de frente. Pensando no custo da propriedade, a Leica lançou novos produtos direcionados aos empreiteiros que querem entrar pela primeira vez ao mundo de medição digital, assim como pacotes de produtos que custam menos do que custaria comprá-los individualmente.

Em junho do ano passado, a companhia lançou um novo escâner a laser, o ScanStaion C5, direcionado às organizações que querem começar com escaneamento a laser por primeira vez, como também para clientes que precisam de uma máquina de precisão rentável para os estudos de engenharia e gravação de informação "as-built".

O C5 é um escâner sem fio integrado com uma tela touchscreen colorida, de alta resolução e vídeo zoom. Pode funcionar com os acessórios padrão de topografia, tais como prismas de estação total e tem sido desenhado para ser ampliável e cumprir com a mesma funcionalidade do escâner Leica C10. Podem ser acrescentadas outras funções tais como compensação de inclinação de alta precisão, câmara digital integrada, alta velocidade e longo alcance de exploração. "Desde o ponto de vista do valor, produtividade e qualidade de dados, o Leica ScanStaion C5 é ideal para organizações que querem entrar ao escaneamento", afirma o gerente de produto Han Tuexen.

A Leica Geosystems também considera os compradores mais sensíveis aos preços com seu pacote de robótica Viva TS12, que está feito para ser adaptado às tarefas diárias da topografia e consiste em uma estação total TS12, um controlador Viva CS10 e o software Leica SmartWorx Viva.

A combinação da tecnologia permite aos operadores encontrar, bloquear e medir os pontos de referência utilizando a estação total, que pode ser conectada sem cabos com o controlador de campo de longo alcance. O software também foi desenhado pensando na simplicidade, com gráficos claros, estruturas lógicas e terminologia técnica.

Sistemas intuitivos

A empresa Hilti, com sede principal em Liechtenstein também atualizou sua carteira de produtos com a incorporação da estação total POS18, a qual emprega tecnologia de tela touchscreen similar à utilizada nos smartphones.

A gerente de produtos de sistemas de medição da companhia, Nina Barahona, diz que a tarefa da rotina de medição, assim como o estabelecimento da escavação ou fundações, podem ser selecionadas diretamente na tela e o dispositivo guia para o usuário passo a passo através das tarefas especificadas.

"As distâncias, alturas, inclinações, áreas e ângulos são calculados automaticamente. Foi integrada também ajuda para o planejamento e o software permite planos existentes de CAD para serem revisados e transferidos diretamente à memória da estação total através da interface USB", comenta.

O aumento da automatização é também uma característica central do novo laser giratório multifuncional da Hilti, o PR 35. Adequado para tarefas de precisão como o alinhamento de formas para muros, estruturas de aço e fachadas, o dispositivo se alinha a seu receptor e os desvios podem ser monitorados constantemente.

Esse tipo de sistema operacional intuitivo é uma característica chave no desenho de muitos dos últimos dispositivos digitais para topografia e sua crescente popularidade entre os empreiteiros evidencia o fato de que a indústria está se adaptando bem à mudança de manual a digital.

Testemunha dessa adaptação é a japonesa Topcon, companhia que tem conseguido o maior pedido de sua história para estações totais MS05AX com a venda de 105 unidades para a Morgan Sindall, empreiteira responsável pela construção do enlace ferroviário da Crossrail, em Londres, no Reino Unido.

A série de estação total MS-AX está equipada agora com tecnologia Matrix Detection - uma característica que economiza tempo na geração de complexas matrizes de prismas para sistemas de monitoramento. Graças ao uso de algoritmos e sensores de imagem de alta definição, as estações totais MS-AX são capazes de detectar e medir todos os prismas estabelecidos, inclusive em condições de pouca luz.

O gerente de engenharia de topografia da Morgan Sindall, Alastair Cruickshank, destacou que a empresa ficou impressionada pela confiança e o rendimento das estações totais. "O instrumento sempre se fixa no prisma correto e no monitoramento de edifícios e túneis, isso é importante já que frequentemente há vários prismas no campo de visão do instrumento, principalmente nos ambientes difíceis como túneis lineais", disse.

"A função Matrix Detection também evitou incômodos e a perda de tempo. Podemos instalar novos prismas de monitoramento e o instrumento encontra-os automaticamente", acrescentou.

Transferência de dados

A transferência de dados entre o escritório e o terreno de trabalho é outra área importante na qual os fabricantes de equipamentos de topografia estão dando importância. A Trimble, por exemplo, pôs em marcha um novo dispositivo, o TSC3, destinado a proporcionar uma maior conectividade e controle no local.

O TSC3 é um controle de mão com GPS, 3G, Bluetooth, Wi-Fi e uma câmera digital de cinco megapixels integrados. De acordo com a companhia, integrar as tecnologias de comunicação dessa maneira pode ajudar a manter o fluxo de dados em tempo real entre os instrumentos de campo e os equipamentos de trabalho, assim como oferecer conexões imediatas entre o escritório e os clientes.

Além disso, a Trimble informa que o TSC3 pode ser utilizado para navegação autônoma como com fins de medição e também pode ser conectado com outros sistemas de posicionamento da Trimble, GNSS ou estações totais.

"Essas capacidades avançadas e a incorporação de comunicações em um dispositivo de mão permite aos empreiteiros reduzir significativamente o tempo e os custos de dirigir fisicamente as atualizações de dados do escritório para o canteiro de obras", garante a companhia.

Excelente design

O controlador está desenhado para permitir aos operadores localizar, medir e registrar a informação em qualquer parte de uma obra em construção utilizando apenas um dispositivo. Conta com uma tela touchscreen de 10,7 cm e legível à luz do sol, resistentes a golpes, pó e água.

Inclusive, a carcaça de um equipamento de topografia é um aspecto crucial em seu desenho. Um instrumento que se rompe com facilidade com uma queda ou um golpe não durará muito tempo em uma obra.

A Topcon Europe Positioning demonstrou muito interesse em fazer seu último receptor de mão, o GR-5 GNSS, o mais forte e robusto possível, para garantir a duração. O novo modelo é uma atualização da versão GR-3, e é capaz de suportar uma queda de 2 metros de altura sobre o concreto.

O GR-5 também oferece uma maior precisão graças a uma melhor recepção de sinal via satélite -o dispositivo pode acessar a 216 canais universais e é capaz de rastrear múltiplas constelações, não apenas GPS, e é considerado pela empresa como um equipamento que "garante o pagamento de dividendos no futuro próximo".

Por sua vez, o software da ProMark 100 e os receptores GNSS ProMark200, da norte-americana Ashtech, também evitam qualquer característica desnecessária complicada.

O ProMark 100 é uma ferramenta de medição que pode armazenar e processar dados em bruto, de base e móvel, levantamentos estatísticos ou cinemáticos, ajustes de conexão de rede ou replanejamentos.

Além disso, o ProMark200, conta com um software de campo completo, o Ashtech FAST Survey, que inclui características topográficas e sistemas locais de suporte. O dispositivo também pode ser utilizado com uma ampla linha de instrumentos de estudo para executar trabalhos de topografia completos, incluindo a calibragem do lugar, replanejamento, e os projetos de topografia onde são utilizadas estações totais.

Sinais mistos

A qualidade dos receptores de equipamentos habilitados para GNSS tem melhorado na última década e é comum que os instrumentos mais modernos estabeleçam posicionamento rapidamente em lugares cada vez mais remotos. Os equipamentos GNSS oferecem cada vez mais confiança com sinais de satélite e muitos garantem que a tecnologia é "à prova do futuro", inclusive será compatível com sinais via satélite que ainda não entram em funcionamento.

Incluem também novas constelações de satélites como a rede europeia Galileo e o sistema de navegação chinês Compass/Beidou, ambos com melhorias no processo com relação às constelações existentes como a russa GLONASS e a norte-americana GPS. Espera-se que esses produtos aumentem a cobertura do sinal GNSS no mundo todo nos próximos anos.

* Helen Wright é editora adjunta da International Construction, revista irmã da Construção Latino-Americana.