Fundações: para trabalhar a terra
26 November 2020
Escavar perfurações é um trabalho diferente e especial, se comparado à escavação convencional. Precisão, linearidade, perfis exatos e profundidade calculada são requisitos para uma boa perfuração de fundações, muros de arrimo, inserção de explosivos, instalação de infraestrutura e outras aplicações.
Por essa razão, este é um setor para especialistas. Um engenheiro de geotecnia é um profissional altamente qualificado. De igual maneira, uma empresa provedora de soluções para perfurações sempre é uma empresa que domina tecnologias avançadas.
É assim que muitos dos fabricantes têm portfólios cada vez mais específicos e capazes de resolver com mais exatidão o problema de empreiteiras que precisam realizar as bases que permanecerão por mais de século sustentando um projeto de construção.
Um deles é a brasileira CZM, que tem mais de 50 anos de atuação neste segmento e desde 2012 tem uma fábrica nos Estados Unidos. Agora, com o sucesso no maior mercado do mundo, a empresa informou à CLA que está abrindo uma segunda fábrica no país, para colher ainda mais oportunidades.
“Quando chegamos lá, o mercado estava enfraquecido pela crise financeira, que havia acabado de acontecer. O cliente de fundações necessitava de bons resultados e assistência técnica, e muitas empresas tinham fechado ou estavam em dificuldades. Nós entramos nos Estados Unidos por aí. Eles gostaram porque temos equipamentos de alta qualidade e bom pós-venda, somos tão práticos como eles”, diz Leandra Magalhães, gerente de marketing da CZM. “Hoje posso dizer com tranquilidade que estamos entre os três principais fabricantes de equipamento para fundação nos Estados Unidos”, afirma.
A nova fábrica da CZM nos Estados Unidos, em Savannah, duplica a capacidade produtiva da unidade atual, que fica em Pembroke (ambas no estado da Georgia). O desenvolvimento contínuo da sua operação no país tem muito a ver com uma opção estratégica feita ao princípio de sua expansão: um acordo com a Caterpillar para acoplar os trados de perfuração em escavadeiras da fabricante norte-americana. Com este acordo, os clientes nos Estados Unidos passaram a ter pós-venda integrado através da rede de distribuição Caterpillar em todo o país.
Leandra Magalhães dá alguns exemplos de produtos CZM que estão ganhando cada vez mais terreno no mercado. “Nos Estados Unidos existe o nicho da estaca escavada com martelos hidráulicos, que hoje é uma tecnologia que dominamos. Eles aplicam o martelo em estacas de metal ou pré-moldado. Oferecemos perfuratrizes short mast, um equipamento para aplicações específicas que demandem um mastro menor. E por outro lado, oferecemos equipamentos long mast, como a EK 125, para aplicações de barra Kelly, que são muito usadas na exploração de gás de xisto na região do Texas”, diz ela.
Grandes atores
Este não é um mercado para iniciantes. A necessidade de desenvolvimento de engenharia é constante, e no geral, são os países mais desenvolvidos os que apresentam os grandes players para a indústria de perfurações de fundação.
A lógica se confirma com o caso da Soilmec, marca italiana fundada em 1969 e que se estabeleceu como um gigante do setor. Ao longo do tempo, a empresa ampliou seu portfólio para uma linha completa de equipamentos, que atendem desde a demanda mais compacta da microperfuração até gigantescos modelos capazes de construir infraestrutura das mais pesadas.
Assim foi o caso do modelo Soilmec AS-40, que está em atuação na construção da ponte Chacao, no Chile. Uma mega obra que exigiu a operação sobre barcaça desta perfuratriz de 423 kNm de torque, montada sobre grua principal Soilmec MC-120 e um martelo vibratório PVE 200, também da marca.
Ali, as soluções da Soilmec tiveram que se provar com a meta de inserir 52 camisas metálicas para concretagem em alto mar, nos pilares centrai e norte do projeto. Cada camisa metálica tinha uma largura de 2.500mm e comprimentos que variavam de 54 a 90 metros. Além disso, os técnicos da Soilmec tiveram que movimentar 3.794 toneladas de armaduras de aço para dentro das camisas, para só então permitir o bombeamento de 15.763 metros cúbicos de concreto nos pilares, formando a fundação da grande ponte.
Tudo isso com fortes correntes de mar e vento para pôr toda a operação em circunstâncias de alto risco potencial. Os trabalhos na ponte Chacao continuam, apesar dos conflitos contratuais entre a principal empreiteira do projeto, a coreana Hyundai, e o governo do Chile. A previsão é de que a ponte seja entregue para uso no ano de 2025.
Perfurações especiais
Para o mercado de instalação de placas fotovoltaicas para geração de energia solar, a fabricante norte-americana Vermeer atualizou sua linha de produtos. Antes, com o modelo PD10, a marca havia se tornado referência neste nicho de operação. Agora, a empresa amplia as possibilidades com os modelos PD5 e PD5R, que são mais compactas e leves do que o modelo original.
O design compacto prevê um mastro de 4,6 metros, que permite transporte sim desacoplamento. Além disso, a Vermeer conseguiu que o peso total dos equipamentos seja de 4.708,3 quilogramas para a PD5 e 4.685,6 quilogramas para a PD5R. De acordo com a companhia, tais pesos permitem que mais de uma máquina seja colocada em uma só carreta.
A principal diferença dos modelos é que enquanto a PD5 tem controles integrados na parte lateral do equipamento, a PD5R tem controle remoto sem fio para todas as funções, como a elevação do martelo, alinhamento preciso da barra e direcionamento automático do equipamento principal de acordo com a necessidade de perfuração.
“O setor de energia solar percebeu enorme crescimento nos últimos anos, e os modelos Vermeer PD5 e PD5R estão entre as máquinas mais usadas para a montagem de placas fotovoltaicas em terra”, diz Ed Savage, gerente de produtos Vermeer. Os novos modelos estarão disponíveis para o mercado já no final de 2020.
Controle de impulso
Uma novidade interessante para os que trabalham com equipamentos de perfuração de superfície para inserção de explosivos em pedreiras ou minas é o sistema RockPulse, da sueca Sandvik.
Em geral, os equipamentos de perfuração superficial exercem uma força importante sobre o solo. Se esta força é demasiada, o estresse físico pode gerar danos nos componentes mais expostos ao atrito com a rocha.
Para evitar isto, a Sandvik projetou o sistema RockPulse, que é um conjunto de sensores integrado à perfuratriz, compatível com toda a nova linha Ranger DXi e os modelos RD920. O sistema analisa cada golpe do pistão para obter dados que permitirão ao operador otimizar a potência e reduzir o desperdício de energia percussiva em suas perfuratrizes.
Controlar a força mecânica da terra que estará por baixo das estruturas exige, como se vê, muita tecnologia.
Pile Dynamics apresenta sonda sem fio
Pouco antes do surto mundial de covid-19, a empresa Pile Dynamics, dos EUA, lançou um produto que pode resultar em melhor controle e produtividade para a atividade de perfuração. O SHAPE (sigla para Shaft Area Profile Evaluator) é uma sonda sem fio que permite identificar qualquer imperfeição na escavação vertical de pilares ou outras escavações profundas.
O equipamento baixa pela perfuração ancorado numa barra Kelly ou cabo, a uma velocidade que pode ser de 300mm por segundo. Enquanto está dentro da perfuração, envia informação por meio de ondas de ultrassom. Assim se pode saber precisamente se a perfuração produzida tem irregularidades de perfil ou problemas com o alinhamento vertical.
A inovação foi bem recebida nos mercados mundiais. “Sentíamos que o mercado demandava um dispositivo moderno e resistente para monitoramento, mas sem os pontos de falha comuns, como cabos eletrônicos conectados entre o dispositivo e a superfície”, diz o presidente da Pile Dynamics, George Piscsalko.
Bauer celebra 30 anos de sua divisão ambiental
A fabricante alemã de equipamentos de perfuração especial para fundações Bauer celebra em 2020 os 30 anos de funcionamento da divisão Bauer Umwelt. O que começou como uma pequena operação com só duas pessoas em 1990, hoje é uma linha de negócios onde trabalham 177 pessoas, desenvolvendo tecnologias para o cuidado ambiental de solos e subsolos.
A trajetória desta divisão começou com uma preocupação muito presente nos trabalhos de fundações profundas: como lidar com terrenos contaminados nos canteiros de obra.
Usando uma interessante mescla de conhecimentos tecnológicos da engenharia de fundações com os de serviços ambientais, a Bauer Umwelt desenvolveu técnicas para remediação de solos contaminados, disposição correta de resíduos e purificação de águas subterrâneas ou superficiais em canteiros de grandes obras.
O foco principal de atuação da Bauer Umwelt é a Alemanha, onde tem seis centros para tratamento de solos capazes de administrar mais de 400 tipos de resíduos contaminantes (entre recepção, armazenamento e tratamento).
Dois de seus recentes serviços foram por uma parte, a remediação da água subterrânea em um site de exploração gasífera, onde a divisão usou métodos biológicos para tratar 90 litros de água contaminada em um tubo que se estendia por quilômetros, e o outro, aplicado em um projeto no distrito industrial de Schwarze Pumpe, onde a empresa vem removendo para tratamento uma impressionante quantidade de 286 mil toneladas de solos contaminados, que depois de tratados serão devolvidos.
Com estes serviços ambientais, a Bauer alcança um nível de atuação nos solos que vai além de apenas perfuração.