John Deere e Wirtgen: fusão de gigantes
07 August 2019
Domenic Ruccolo, atual CEO do Wirtgen Group, foi o responsável pela integração do grupo alemão à divisão da John Deere Construction Machinery & Forestry. O executivo se reuniu com a CLA para fazer um balanço de seus primeiros 18 meses neste cargo e contar um pouco de sua estratégia de futuro.
Como foi este período inicial?
A integração tem sido muito boa. Sabíamos que estávamos adquirindo uma excelente companhia e trabalhamos muito para que as duas entidades se unifiquem administrativa e financeiramente.
Houve grandes mudanças?
Muito poucas em termos mais concretos. As mudanças que tivemos que fazer são sobretudo relacionadas ao fato de que a John Deere é uma empresa aberta cotada em Wall Street, enquanto o Grupo Wirtgen é uma empresa familiar alemã, sendo muito diferentes em termos de controle e contabilidade, e em função disso houve aspectos de conformidade que tivemos que trabalhar. Estas foram coisas que tivemos que botar para andar, mas ao fim do dia o Grupo Wirtgen continua funcionando como Grupo Wirtgen.
No Grupo Wirtgen trabalham cerca de 8,7 mil pessoas e só temos sete da John Deere.
Como as empresas se complementam?
A complementaridade entre as duas marcas é perfeita: não há superposição. O negócio do Grupo Wirtgen está muito enfocado na construção de estradas, enquanto a John Deere oferece todo o leque de soluções para movimentação de terra.
Que sinergias foram exploradas?
Ainda é prematuro para falar de sinergias significativas. Estamos convencidos de que há muito no campo da telemática, a combinação de tratores John Deere com equipamentos de tratamento de solo, motores, compras de componentes etc.
Temos oportunidades, temos muitos clientes comuns em todo o mundo e muitas partes nas quais os distribuidores da John Deere e do Grupo Wirtgen trabalham os mesmos mercados, compartilhando uma grande quantidade de elementos. Desse ponto de vista, o ajuste foi perfeito.
Que oportunidades se abrem para a John Deere na Europa?
Na Bauma, introduzimos agora as motoniveladoras John Deere. E por que começar com motoniveladoras? Porque elas são, obviamente, máquinas específicas para empresas construtoras de estradas. Este é o elo perdido entre o portfólio rodoviário do Grupo Wirtgen e os equipamentos de linha amarela John Deere (escavadeiras, carregadeiras de rodas, retroescavadeiras e caminhões articulados).
Os modelos 662GP e 672GP, que cumprem as normas europeias e têm o mercado CE, estão destinados a se comercializar na Alemanha e na França através do Grupo Wirtgen nestes dois países. No sentido ascendente, devemos organizar a logística de peças, capacitar os vendedores e os técnicos das diferentes redes. No que se refere ao resto dos equipamentos de movimentação de terra, é um caminho mais longo, uma estratégia de pensamento e canal diferentes. Veremos ao devido tempo. Não queremos apressar as coisas. Tomaremos o tempo para construir uma nova organização na Europa.
Com o Grupo Wirtgen, a John Deere amplia sua presença na América Latina?
A John Deere tem duas fábricas em Indaiatuba, Brasil, uma de marca própria e a outra em associação com a Hitachi, para escavadeiras. Agora se soma a fábrica da Ciber, na qual se fabricam e montam fresadoras, vibroacabadoras, rolos e usinas de asfalto.
Creio que estas três fábricas são perfeitas para os produtos que temos que fabricar, não só para o mercado brasileiro, mas também para a América Latina em geral. A empresa está feliz com a presença fabril que temos atualmente.
Como analisa nossa região?
É uma região importante por países como o Brasil e a Argentina, que são muito importantes do ponto de vista agrícola, florestal e, obviamente, pela grande quantidade de população que precisa de infraestrutura, construção de estradas, aeroportos, portos etc. Então, para cada tipo de divisão dentro da John Deere, a América Latina é muito importante.
Alguns dos países estão atravessando certos desafios econômicos hoje. O Brasil continua sendo um pouco desafiador, especialmente no que toca a construção. A Argentina está tendo alguns problemas agora, mas há ciclos econômicos contínuos. Há mercados em alta, mercados em baixa.
Do ponto de vista da John Deere, estamos neste negócio há 182 anos, pelo que temos uma visão de longo prazo do mercado. Não se trata do que está acontecendo este ano ou mesmo no ano que vem, se trata dos próximos 15, 20, 30 anos.