Latam Rental
04 September 2020
O Latam Rental deste ano nos dá um pequeno respiro antes de pensar em como será este ano de pandemia para o setor de locação da América Latina. As 45 maiores empresas da região totalizaram faturamento de cerca de US$ 2,18 bilhões em 2019, um leve aumento com respeito aos US$ 2,15 bilhões na tabela do ano passado.
A principal novidade foi dada pelo Grupo Vamos, divisão de distribuição e locação de equipamentos e caminhões da brasileira JSL, que veio a se impor como a maior companhia de locação na região, com receitas de US$ 235,5 milhões no ano passado. Desta forma, a britânica Aggreko, que sempre foi a líder da lista, ficou em segundo lugar, com um faturamento registrado de US$ 217 milhões na região no ano passado.
Em terceiro lugar está a Ameco, dos Estados Unidos, que gerou na região um faturamento de US$ 121 milhões. Ela é seguida pela Madisa, que teve receitas de US$ 116 milhões, e logo atrás da mexicana vem a Sullair Argentina, empresa que na quinta posição da tabela mostra faturamento de US$ 115 milhões em 2019.
Um salto de duas posições foi a conquista da peruana Ferreyros, que é um dos mais antigos distribuidores da Caterpillar no mundo, que durante o ano passado obteve rendimento de US$ 111,9 milhões, o que foi um crescimento de mais de 30% em relação a 2018.
Por sua vez, a chilena SK Rental Group, que tem operações na Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia e Peru, manteve a sétima posição com receitas de US$ 108 milhões.
Uma queda de três postos foi percebida pela especialista em geração elétrica APR Energy, que gerou faturamento de US$ 105 milhões na América Latina, ficando na oitava posição, seguida de perto por outra especialista em eletricidade dos Estados Unidos, a SoEnergy, que ficou em nona.
Para fechar a lista das top dez, outra grande empresa brasileira. A Ouro Verde Locação obteve, através de sua divisão de equipamentos pesados, receitas de US$ 96,1 milhões.
Novas incorporações
Além da entrada da JLS al Latam Rental 45, há três outras novas empresas. Trata-se da brasileira Casa do Construtor, que com receitas de cerca de US$ 54,1 milhões, ficou na 13ª posição. Hoje a companhia tem 275 locais no Brasil e no Paraguai, mas vale mencionar que a empresa tem planos ambiciosos, e através de um sistema de franquias projeta chegar a 1 mil pontos de venda até 2027.
Outra brasileira nova no ranking é a Pesa, que com receitas de US$ 26,3 milhões em 2019 ficou na 23ª posição.
Finalmente, a colombiana Rentsol faz sua aparição no Latam Rental no posto número 42, com faturamento de US$ 6,2 milhões no ano passado.
Estas novas empresas empurraram para fora do ranking a colombiana Gecolsa e a equatoriana Megarent.
Impactos da Covid-19
Não se trata de bola de cristal, pois é razoavelmente certo que o ranking do ano que vem (baseado em receitas de 2020) verá um setor sem dúvidas terá sentido o impacto da pandemia, embora seja reconfortante ver que muitas empresas, ainda que em tempo de crise, sentem que podem se recuperar bem em 2021.
Mesmo que muitos projetos e canteiros de obra tenham refletido o impacto da Covid-19 em seus cronogramas, a Ameco por exemplo diz que continua entregando aos clientes soluções de administração de ativos, serviços de suporte remoto, equipamentos de construção, veículos, ferramentas, elementos de segurança, andaimes e abrigo contra explosões. Além disso, a empresa destaca estar apoiando seus clientes ao fornecer produtos e serviços que permitem operações contínuas, tais como estruturas de desinfecção e equipamentos de proteção individual (EPI).
Enfoque similar é mantido pela Maquinas Diesel (Madisa), que assegura que “apesar do golpe ao setor, estamos avançando da melhor maneira possível diante da adversidade, tomando as precauções correspondentes, com campanhas de sanitização de máquinas e oferecendo o melhor serviço aos clientes”.
Já a Casa do Construtor afirma que a Covid-19 “veio a aperfeiçoar nossos cuidados com a saúde em geral”, e neste sentido, tal como a Ameco, a empresa brasileira aproveitou a contingência para fortalecer seu mix de produtos na linha de limpeza e higienização, assim como suas plataformas digitais, para assim estar preparada para o ‘novo normal’. “Em termos de resultado para 2020, esperamos manter nosso rendimento de 2019, sem crescimento real de faturamento, mas com crescimento de 20% para 2021”, afirma a empresa.
Dois distribuidores da Caterpillar no Brasil compartilham o otimismo. A Sotreq diz que o crescimento da infraestrutura e a exportação de commodities não se detiveram, enquanto a Pesa afirma que, embora inicialmente tenha havido muita cautela, logo em seguida se procedeu a avançar com força nos projetos que estavam em carteira.
A Mills Solaris, no entanto, reconhece que se observou uma redução na atividade econômica a finais de março e abril, com uma queda na receita gerada por locações, mas adverte que ainda não é possível estimar adequadamente o comportamento das atividades para o resto do ano.
A Locabens, por sua vez, comenta que o impacto na construção de imóveis foi discreto, e que mesmo que haja possibilidade de o número de lançamentos diminuir um pouco, há esperança de que as medidas de incentivo do governo para as obras de infraestrutura produzam um cenário melhor.
Já A Geradora confia que “muito em breve voltaremos à normalidade e superaremos todas estas adversidades derivadas da pandemia de Covid-19 (…), será outra crise que o setor superará sabiamente”.
A Sullair Argentina tem um cenário algo mais negativo, e suas atividades caíram 50% como resultado da pandemia, mas também sob um contexto econômico delicado da Argentina. “É difícil imaginar a esta altura como será essa recuperação para 2021, em termos de qualidade e velocidade”.
A Colômbia percebeu um forte impacto na indústria de construção, com uma estrita e prolongada quarentena, e por isso a Rentsol afirma que “a maioria dos novos projetos se encontra na expectativa de como vão se desenrolar os acontecimentos para definir a retomada ou início de atividades. Esperamos em 2021 um cenário normalizado que permita retomar os investimentos e o crescimento”.
Também na Colômbia, a Rentandes vê algumas oportunidades, e mesmo que a empresa diga que a curto prazo a incerteza econômica provavelmente afetará a quantidade de operações novas, “a médio prazo, a locação se tornará uma solução ideal para aqueles que tenham operação andando, e precisem de mais ativos sem ter que investir capital neles”.
Um dos resultados desta pandemia será a aceleração dos processos de digitalização dos setores econômicos, e a chilena Trek é um bom exemplo. Segundo a empresa, além de se concentrar no cuidado de seu pessoal acima de tudo, “pusemos em marcha nosso próprio software 100% focado no rental”, uma criação da empresa. “Nossa projeção é continuar investindo, talvez um pouco mais cautelosos, já que sempre fomos caracterizados pela agressividade no aumento da frota anualmente, mas com otimismo em relação ao que virá por aí”.