Os 50 maiores fabricantes

16 May 2014

O faturamento das 50 maiores empresas fabricantes de equipamentos de construção caiu 10% no ano passado, alcançando os US$ 163 bilhões, em razão de uma série de fatores que afetaram o ciclo da indústria.

O impacto mais profundo veio de uma recessão da indústria mineradora em nível global, que afetou o faturamento de fabricantes de equipamentos em todo o mundo. Ainda que o ranking Yellow Table tente medir o faturamento procedente da venda de equipamentos de construção, e exclua as empresas que servem apenas à indústria de mineração, é inevitável que uma desaceleração na mineração tenha um impacto em muitas das empresas listadas. Isso se deve aos limites pouco claros que existem entre os dois setores e a grande variedade de equipamentos utilizados para extração em diversas partes do mundo.

Por exemplo, a queda da mineração foi o principal fator pelo qual o faturamento do primeiro lugar, a Caterpillar, caísse cerca de US$ 10 bilhões em 2013 em comparação com 2012. De fato, esse foi o fator comum que afetou a todos os fabricantes de uma só linha de equipamentos que estavam no Top 10 e cujo faturamento diminuiu no ano passado em dólares.

O maior impacto da crise na mineração foi sentido pela especialista em equipamentos de perfuração Boart Longyear, que despencou oito lugares de sua posição de 2012 para ocupar o posto 49 no ranking desse ano.

Mas à parte essa forte queda de um fabricante em grande medida dependente da mineração, a recessão parece ter golpeado mais forte as empresas de equipamentos de movimento de terra do que às fabricantes de nicho. Além de perceber uma queda no faturamento de 2013, a metade das empresas do Top 10 viu cair sua participação no faturamento total em relação ao ranking do ano anterior. Por exemplo, a Caterpillar reduziu sua participação a 19% frente os 21,8% que ostentava no ranking passado, enquanto a Komatsu caiu para 10,8% desde 11,3%. As empresas asiáticas Hitachi, Zoomlion e Sany também viram cair sua influência.

Apesar de alguns pequenos ganhos das outras cinco empresas do Top 10, o resultado líquido foi que este ano as dez maiores representaram 62,8% do faturamento das 50 maiores, enquanto em 2012 havia sido 66,5%. Essa foi a proporção mais baixa que se registrou desde 2010, quando um aumento de vários fabricantes chineses medianos apertou a cota de mercado de players maiores.

O mercado chinês também teve um papel interessante na edição desse ano da Yellow Table. A contínua desaceleração da construção no país e a alta população de máquinas novas disponíveis, em razão do auge de 2009/2010, deprimiram o faturamento dos fabricantes nacionais no país.

Isso fez com que companhias como Zoomlion e Sany perdessem posições no Top 10, e que Lonking, XGMA e Chenggong caíssem alguns degraus na lista. Não obstante, a XCMG, a Liugong e a Sunward mantiveram suas posições, enquanto a Shantiu subiu dois lugares.

O resultado final foi que a participação dos fabricantes chineses dentro do faturamento das 50 companhias mais importantes se reduziu a 14,4% no ranking desse ano, em comparação com 15% no ano passado e com o recorde de 16,9% estabelecido na edição de 2012, com base em números de 2011.

Em termos absolutos, os fabricantes chineses na Yellow Table tiveram faturamento total de US$ 23,5 bilhões, em comparação ao pico de US$ 30,6 bilhões dois anos antes. Uma queda de cerca de 23%.

Efeitos cambiais

Outro fator chave na Yellow Table desse ano foi a depreciação do Yen japonês ao longo de 2013. Para calcular o faturamento em dólares americanos para o ranking, a revista International Construction utiliza o câmbio médio durante o ano em questão. Esse ano se utilizou uma taxa de US$ 1 = JPY 97,63, o que coloca o Yen 22% abaixo da taxa de US$ 1 = JPY 79,85 que prevalecia um ano antes.

O Yen mais fraco foi uma bênção para as exportações dos fabricantes japoneses no último ano. O faturamento em Yen subiu para muitos em 2013. Por exemplo, o faturamento da Komatsu pela venda de equipamentos de construção no ano calendário 2013 foi de JPY 1,73 trilhão, em comparação com o JPY 1,67 trilhão do ano anterior, ou seja, aumento de 2,3%.

Ainda assim, em dólares o efeito foi negativo para efeitos de Yellow Table. O faturamento convertido da companhia caiu de US$ 21 bilhões na edição do ano passado para US$ 17,6 bilhões, registrando queda de 16%.

Efeitos similares experimentaram outros fabricantes como Hitachi, Kobelco, Tadano e Furukawa. Ainda que outros fabricantes japoneses tenham mantido sua posição, ou até mesmo tenham ganho um par de lugares como foi o caso da Kubota, o resultado líquido foi que sua participação no faturamento total se reduziu de 23,1% em 2012 para 22,4% na Yellow Table desse ano.

A queda na participação chinesa e japonesa no faturamento total registrado em 2013, somada à forte queda da Caterpillar, teve um impacto positivo para as companhias europeias, que viram sua participação no faturamento total do Top 50 subir de 21,1% na edição passada para 26% na edição desse ano do ranking.

Não obstante, isso teve a ver mais com aspectos técnicos que se relacionam com a confecção do ranking do que com um repentino aumento no faturamento. O primeiro ponto é que a CNH no ranking desse ano foi reclassificada como uma empresa italiana dada sua incorporação pela Fiat Industrial em uma nova corporação da Itália, a CNH Industrial. Sua anterior classificação como empresa dos Estados Unidos estava sempre sujeita a debate, e International Construction sente que a companhia, após a mudança corporativa, se identifica mais precisamente como uma entidade italiana. No que respeita a Yellow Table, isso significou uma transição efetiva de 2% do faturamento total dos Estados Unidos para a Europa.

Outra mudança que trabalhou a favor da participação europeia são as entradas da Sennebogen e da Hiab no ranking desse ano, duas empresas cujos dados antes não estavam disponíveis. Sua incorporação agregou 1% adicional ao faturamento europeu entre as 50 maiores.

Dessa maneira, dos 4,9 pontos porcentuais que se agregaram de participação europeia no último ano, 3 deles poderiam ser atribuídos a fatores técnicos e apenas 1,9 a um aumento do faturamento real.

Mas o aumento no faturamento significou um avanço em termos de posição das empresas europeias no ranking. Tanto a Volvo como a Liebherr avançaram dentro do Top 10, enquanto a JCB ganhou duas posições e se instalou como 12ª. Mais abaixo na tabela, houve outras europeias que também conseguiram avançar, como Wacker Neuson, Fayat e Haulotte. E além disso, não houve quedas desastrosas. Nenhuma empresa europeia caiu mais de duas posições na Yellow Table desse ano.

Metodologia

As posições na Yellow Table se baseiam no faturamento por vendas, em dólares americanos, do ano calendário de 2013. Quando houve necessidade, o câmbio foi modificado para dólares baseado na média da moeda em questão ao longo do exercício.

A informação é obtida de diversas fontes, incluindo contabilidade auditada, declarações de empresas e de respeitadas organizações como a Reuters.

No Japão, Índia e outros países, o uso do ano fiscal (terminando em 31 de março) tornou impossível estabelecer informação para um ano calendário. Em alguns casos de empresas particulares, não foi possível obter contabilidade auditada, e nessas oportunidades a International Construction realizou uma estimativa baseada em dados históricos e tendências da indústria.

Se é verdade que se fez o maior esforço para que a informação dessa reportagem fosse o mais exata possível, a Construção Latino-Americana não se responsabiliza por erros e omissões.

Se você deseja fazer algum comentário a respeito da Yellow Table, ou crê que sua companhia deveria aparecer na lista, faça contato com o editor da revista International Construction, Chris Sleight, pelo email: [email protected]

Os ciclos da indústria de equipamentos

O negócio de equipamentos de construção é uma indústria classicamente cíclica, com importantes faturamentos quando o crescimento econômico é forte e quedas abruptas quando a atividade se desacelera. O ciclo tem sido historicamente entre cinco e sete anos de crescimento, seguidos de um período de mais ou menos dois anos de recessão.

Certamente, na década de 2000 esse parecia ser o caso, com um longo período de forte crescimento desde 2003 até 2008, que terminou com a forte queda causada pela crise econômica mundial, levando o faturamento da indústria a cair 40% em 2009. Em 2010 e 2011, parecia ter lugar uma retomada igualmente forte, mas a Yellow Table do ano passado mostrou que o faturamento estagnou em 2012, e como se viu esse ano ela mostra uma queda de 10% no faturamento das 50 maiores companhias.

Esse comportamento coloca uma pergunta: depois da crise econômica, estaria o mundo entrando numa nova fase de ciclos mais curtos, com os períodos de crescimento e queda mais equilibrados, em comparação com o cenário anterior, quando a indústria registrava aumento de ganhos em três quartos do tempo?

O tempo dirá, mas a pergunta gira em torno a se a indústria tem que se acostumar com um novo tipo de normalidade na era posterior à crise, ou se a economia mundial ainda necessita de mais tempo para sua plena recuperação.

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Cristian Peters
Cristián Peters Editor Tel: +56 977987493 E-mail: cristiá[email protected]
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