Tendências: Será diferente desta vez para a América do Sul?

04 December 2023

As vendas de equipamentos de construção na América do Sul podem estar prestes a contrariar a tendência histórica de queda

A América do Sul é a mais recente região a ser adicionada à cobertura global da Off-Highway Research . Nossos números mostram que as vendas nos cinco maiores mercados da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru totalizaram mais de 65.500 máquinas em 2022, com um valor de mais de US$ 8,5 bilhões.

Foi um recorde. Mas o que sobe tem que descer, então todos nós sabemos o que acontece depois. Ou não?

É verdade que o mercado sul-americano tem o hábito de estar sempre em alta ou em baixa. A atual ascensão veio depois de alguns anos sombrios em meados da década de 2010, quando as vendas estavam baixas e o crescimento era anêmico.

A decolagem ocorreu em 2021, como ocorreu na maioria dos mercados ao redor do mundo, quando medidas de estímulo desencadearam uma enorme demanda por máquinas de construção. No caso da América do Sul, o mercado quase dobrou em um ano, e talvez seja natural esperar uma queda repentina após um pico tão repentino.

Vendas de 2023 na América do Sul, discriminadas por tipo de equipamento. (Gráfico: Off-Highway Research)

Após as vendas recordes de 2022, certamente esperamos que a demanda seja menor este ano e a queda pode ficar na faixa de 15% a 20%. Mas isso levará o mercado a um nível mais natural após a alta anormal de 2022. A previsão depois disso é que as vendas se estabilizem em um bom nível. Para entender por que achamos que os mercados vão contrariar a tendência histórica, é importante nos aprofundarmos nos detalhes.

Mercado brasileiro

O primeiro e maior fator é o Brasil. No momento, o país responde por cerca de 70% das vendas de equipamentos na América do Sul. O que acontece no Brasil balança o mercado de todo o continente.

Isso foi verdade nos anos difíceis da segunda metade da década de 2010, quando as consequências do escândalo da Petrobras colocaram o estado e seu relacionamento com o setor de construção sob enorme e perfeitamente justificado escrutínio. Por mais necessário que isso fosse, paralisou a indústria por anos.

Mas enquanto isso acontecia, muitos dos mercados menores tiveram um bom desempenho. Houve crescimento constante no Chile, Colômbia e Peru, enquanto a Argentina foi boa às vezes – e péssima em outras. Infelizmente, a Argentina será péssima novamente este ano, graças à sua inflação de três dígitos, mas este é o único ponto realmente negativo em nossa perspectiva.

Olhando para nossa previsão, o ponto óbvio é que, como esperamos que o mercado sul-americano como um todo permaneça forte, esperamos que o mercado brasileiro permaneça forte. Os altos preços das commodities têm alimentado a demanda por equipamentos em extração e agricultura. Embora esse pico inflacionário esteja diminuindo agora, esperamos que a demanda por commodities permaneça forte o suficiente para continuar impulsionando o investimento em equipamentos de capital nessas áreas.

O segundo ponto positivo que vemos no Brasil é um foco renovado em investimentos em infraestrutura por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), uma importante iniciativa política do presidente Lula da Silva em seu primeiro mandato, de 2003 a 2010, e que ele rapidamente ressuscitou ao assumir o cargo no início deste ano.

Outra razão pela qual acreditamos que o mercado brasileiro será forte por um tempo é que isso é muito necessário. Após um longo período de vendas reduzidas no final da década de 2010, a frota de equipamentos do país está velha e precisa muito de substituição. O período atual de prosperidade e melhor certeza para compradores de equipamentos deve dar a eles a confiança para renovar suas máquinas desgastadas.

Finalmente, vemos uma maior maturidade no mercado sul-americano. Uma indústria de aluguel maior surgiu dos tempos difíceis da década de 2010 e agora responde por mais de 25% das vendas. As escolhas de equipamentos também mostram algumas das marcas registradas de uma indústria em amadurecimento, com crescimento em escavadeiras compactas, pequenas carregadeiras de rodas e manipuladores telescópicos – máquinas que normalmente substituem o trabalho manual ou soluções menos sofisticadas.

Riscos e incertezas

Qualquer previsão tem seus riscos e incertezas. A inflação é sempre uma preocupação na América Latina. E embora isso tenha sido um problema nos últimos um ou dois anos (como tem sido em todo o mundo), só causou problemas cataclísmicos na Argentina. O resto das grandes economias da região estão se recuperando.

A segunda preocupação é a estabilidade política. O mercado foi levado ao colapso na década de 2010 pelo escândalo da Petrobras e não está além dos limites da possibilidade de que outra crise possa surgir do nada para sabotar o crescimento.

Mas hoje, sabendo o que sabemos e olhando para a situação do mercado e as perspectivas econômicas, acreditamos que há mais motivos para ser positivo do que negativo.

CONECTAR-SE COM A EQUIPE
Cristian Peters
Cristián Peters Editor Tel: +56 977987493 E-mail: cristiá[email protected]
CONECTAR-SE COM A MÍDIA SOCIAL