Unindo a Colômbia
20 March 2018
Um dos objetivos principais do presidente Juan Manuel Santos é tirar a Colômbia do atraso de mais de 30 anos em infraestrutura.
Um dos objetivos principais do presidente Juan Manuel Santos é tirar a Colômbia do atraso de mais de 30 anos em infraestrutura, aspecto que limita enormemente a competitividade do país. O objetivo não é somente aumentar a malha viária em todas as regiões, mas também melhorar a velocidade média de deslocamento, aproximar as populações regionais, reduzir os custos e incrementar a circulação. A principal consequência destes planos será a conexão do eixo logístico com a rede secundária e terciária do país, o que também significará um aporte para o processo de paz.
O país está investindo fortemente e, em 2017, os investimentos em infraestutura alcançaram 7,1 trilhões de pesos colombianos (cerca de US$2,4 bilhões), cifra que pode aumentar 9,8% no exercício atual.
“Conseguimos terminar bem o ano, mas não podemos perder o impulso que o setor, a Agência Nacional de Infraestrutura (ANI) e os colombianos conquistaram até o momento. Por todo o país começa-se a ver grandes obras de infraestrutura que estão transformando a vida dos colombianos. Nos últimos anos, construímos as condições necessárias para que muitas regiões do país saíssem do atraso em matéria de infraestrutura de transporte”, assegurou o presidente da ANI, Dimitri Zaninovich.
PRINCIPAIS OBRAS
Uma das principais iniciativas impulsionadas pelo governo e pela ANI são as concessões de rodovias da Quarta Geração (4G). A respeito disso, a ANI assegura que já são 30 projetos concedidos, nove dos quais estão em etapa de pré-construção e outros 21 em construção. De fato, as obras começaram a mostrar avanços significativos, com destaque para as estradas Conexão Pacífico 3, Girardot-Honda-Puerto Salgar e Cartagena-Barranquilla.
Somente em 2017 foram construídos 196 quilômetros de novas pistas e foram realizadas melhorias em mais de 350 quilômetros de vias existentes. As principais obras entregues no ano passado incluem quatro túneis, 16 pontes do projeto Bogotá-Villavicencio, a ponte Marayal-Meta, e a via alternativa no setor Balastrera-Corredor Buga-Buenaventura.
“Temos obras em andamento por todo o país e todas avançam em um ritmo muito bom. Estamos demonstrando que a confiança nos projetos 4G segue intacta e uma prova disso é que, todos os dias, investidores estrangeiros se interessam em participar desta grande revolução da infraestrutura comandada pelo governo Juan Manuel Santos”, ressaltou Zaninovich. De fato, o capital estrangeiro atualmente tem uma participação de 58% nos financiamentos.
Mas nem tudo se resume aos projetos viários. No setor ferroviário se destaca a finalização das obras dos corredores Chiriguaná-Santa Marta, La Dorada-Chiriguaná e Bogotá-Belencito, investimentos que ampliam a conexão entre a costa atlântica e o interior do país.
O setor portuário também apresentou um forte crescimento. Entre 2010 e 2017, a capacidade dos portos aumentou de 286 milhões de toneladas a 444 milhões de toneladas, proeza conquistada a partir de investimentos de mais de US$2,2 bilhões. Para 2021, a ANI espera alcançar 514 milhões de toneladas de capacidade portuária, com aportes anuais de US$276 milhões entre 2018 e 2021.
Finalmente, o setor aeroportuário teve investimentos de mais de US$500 milhões para a ampliação e melhoria de terminais e pistas em El Dorado (Bogotá), Alfonso Bonilla Aragón de Palmira (Cali), José María Córdova (Rionegro) y Simón Bolívar (Santa Marta). Os três primeiros são os de maior trânsito de passageiros do país, enquanto Santa Marta ocupa o oitavo lugar. Em 2018 as obras continuam em aeroportos como o Ernesto Cortissoz, de Barranquilla, onde se realiza uma completa renovação e ampliação da infraestrutura atual, além da construção de novos terminais de carga e de aviação corporativa. Também está prevista a finalização das reformas no terminal de cargas de Rionegro e a continuidade da ampliação e climatização do aeroporto Camilo Daza, de Cúcuta.
METRÔ DE BOGOTÁ
A capital colombiana está em plena transição para se tornar uma cidade mais inteligente, e entre os grandes planos para melhorar a sua infraestrutura urbana está o sonhado projeto de metrô.
Discutida por mais de seis décadas, a iniciativa deu um grande passo adiante após a Empresa Metro Bogotá (EMB) receber uma qualificação AAA da agência de classificação de risco Fitch Ratings. Desta forma, se certifica que a companhia pode cumprir com as dívidas contraídas para a execução do projeto. A conquista da pontuação veio após uma análise do status legal da EMB e de seus órgãos de direção e administração, além da declaração da importância estratégica da iniciativa.
As obras do metrô podem implicar em aportes de 10,85 trilhões de pesos (aproximadamente US$3,7 bilhões) e a licitação será aberta em maio. As grandes obras do projeto estão projetadas para o período de 2019 a 2024, data prevista para o início da operação comercial.
Os grandes desafios
A indústria de construção enfrenta um grande desafio no futuro próximo devido aos múltiplos projetos no curto prazo. Esta é a orientação de Natalia Sanz, especialista de transporte do Setor de Infraestrutura e Energia, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Segundo a especialista, realizar projetos de alta complexidade como os da Quarta Geração, além do metrô de Bogotá, o sistema de VLT de Medellín e a ampliação do BRT Transmilenio representam desafios não somente técnicos e logísticos, como também de abastecimento de insumos. Calcula-se que os projetos 4G vão demandar 939 mil toneladas de aço, 12 milhões m3 de asfalto, 12 milhões m3 de concreto e 133 milhões de litros de rega betuminosa e emulsão asfáltica, entre outros, além de uma quantidade significativa de empregos especializados e relacionados à área. O desafio, segundo a executiva, é o planejamento para estas necessidades, reduzindo a importação de materiais que podem ser produzidos na Colômbia.
Sanz também ressaltou o estado financeiro dos projetos, advertindo que das 32 iniciativas atuais, 11 projetos têm financiamento definitivo, 12 contam com financiamento da ANI e nove estão sem financiamento definitivo (dos quais seis estão em curso normal). “Ter mais de 33% dos projetos em andamento de um dos maiores programas da região (quase cinco vezes o metrô de Bogotá), com apenas oito em revisão, é um ótimo sinal. Estas rodovias terão melhorias em mais de 5 mil quilômetros, em estradas alternativas serão 225 km, tudo isso representando 20% de economia na operação veicular e 30% menos em tempo de viagem. Tudo isso vai se converter em mais competitividade para o país”.
A especialista do BID considera que a relação público-privada no país para o desenvolvimento de infraestrutura é estável graças a um marco normativo forte estabelecido na lei 1508 de 2012, que atribui os riscos dos projetos ao melhor gestor (setor público ou setor privado).
Sacyr conquista três projetos em Bogotá
A empresa Sacyr recebeu concessão de três novos projetos, com orçamento somados de US$45 milhões, para a construção, reabilitação e atualização de diferentes zonas urbanas de Bogotá.
O primeiro projeto consiste na reabilitação da Zona Rosa de Bogotá, área turística que concentra lojas e bares badalados, e inclui a reconfiguração das vias e ampliação das calçadas para dar prioridade de circulação para bicicletas e pedestres.
A segunda iniciativa é o planejamento e desenvolvimento de uma rede de vias de pedestre para reorganizar a mobilidade no setor urbano da região metropolitana de Bogotá. Esta obra inclui a reconfiguração, reconstrução e ampliação do corredor de pedestres; a construção e arborização de calçadas e divisores de pista; e a manutenção do espaço público.
Por último, o terceiro projeto consiste na reabilitação e melhoria da Avenida Boyacá, eixo viário que une os lados norte e sul da capital colombiana. O projeto inclui uma avenida de dois sentidos, com três pistas para cada lado, além da instalação de sinalização, arborização e criação de uma ciclovia. Neste projeto, o asfaltamento será realizado com materiais fabricados a partir da reciclagem de pneus.
Aprovada licença ambiental do túnel de Toyo
O maior túnel da Colômbia, e um dos mais extensos da América do Sul, está um passo mais perto da sua execução. No final de dezembro passado, foi aprovada a licença ambiental que deu sinal verde para a construção, prevista para durar seis anos.
O megaprojeto, com investimentos de US$630 milhões, compreende um túnel de 19,4 quilômetros de comprimento que vai unir os trechos Mar 1 e 2 do sistema rodoviário Autopistas para la Prosperidad, e reduzirá a viagem entre Medellín e Urabá a pouco mais de quatro horas.