Adaptar as estradas às alterações climáticas, uma prioridade incontornável
28 November 2023
As temperaturas registaram um aumento notável em certas áreas do Chile e do norte da Argentina, subindo entre 10°C e 20°C acima da média. Em cidades localizadas na cordilheira dos Andes, foram registradas temperaturas de até 38°C ou mais, enquanto em Buenos Aires, capital argentina, as temperaturas ultrapassaram os 30°C, superando em mais de 5°C o recorde anterior de agosto. Por outro lado, na cidade de Rivadavia foram registrados picos de até 39 °C.
O recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de março de 2023 alerta que o aumento global das temperaturas está avançando rapidamente “O mundo já aqueceu +1,2°C desde o período pré-industrial e chegaremos a +1,5°C provavelmente em 2030-2035”, mas ainda é tempo de mudar de rumo. O apelo é para agirmos imediatamente, uma vez que cada ação terá um impacto na mitigação da ameaça que a humanidade enfrenta.
Estamos perante um fenómeno global com graves consequências, que exige um compromisso político e sectorial que não pode continuar a ser evitado. O desafio de consolidar atividades produtivas que contribuam para o nosso desenvolvimento, mas reduzindo a nossa pegada de carbono, é uma tarefa que exige ações imediatas e ambiciosas em toda a cadeia de valor. E o aquecimento global, e a sua ameaça ao nosso modo de vida, à biodiversidade e aos recursos vitais como a água, obriga-nos a fornecer soluções holísticas e a abordar o problema de forma abrangente.
Neste sentido, a Associação Espanhola de Estradas (AEC) quer chamar a atenção para a urgência de tomar consciência do impacto crescente destes eventos meteorológicos nas infraestruturas, especialmente nas infraestruturas de transporte, e propor medidas para a sua adaptação ao impacto das alterações climáticas. “Estamos perante um fenómeno global com graves consequências, que exige um compromisso político e sectorial que não pode continuar a ser evitado”, afirmou a associação, que tem trabalhado em 10 pontos essenciais e prioritários a ter em conta:
- Realizar avaliação da vulnerabilidade de toda a malha viária (estadual, regional, local e municipal).
- Quantificar a ameaça real, tendo em conta as projeções climáticas atualizadas.
- Realizar uma avaliação do risco que as estradas enfrentam, considerando a vulnerabilidade e as ameaças.
- Incorporar o conceito de redundância na rede rodoviária, entendida como a disponibilidade de alternativas de emergência caso uma rota importante seja afetada.
- Desenvolver um plano para adaptar as estradas às alterações climáticas, identificando prioridades de ação e investimentos necessários.
- Considerar a adaptação às alterações climáticas no planeamento rodoviário, tanto para novas rotas como nos processos de adaptação das existentes.
- Adaptar os regulamentos de projeto às novas ameaças que possam ser identificadas (taludes, estruturas, drenagem, pavimentos...).
- Promover a investigação sobre resiliência.
- Aproveitar as oportunidades da digitalização para melhorar a resiliência das redes rodoviárias (dados de veículos conectados, imagens de satélite, otimização das operações de vigilância e controlo...).
- Assegurar a colaboração entre todos os intervenientes (administrações rodoviárias, serviços de emergência, comunidade científica, empresas, associações...).