Tecnologia em aço amplia conjunto habitacional em São Paulo
21 September 2023
Projeto de 31.000 m² utilizou mais de 86 toneladas de aço e destaca-se como um exemplo inovador de arquitetura e urbanismo na cidade de São Paulo.
O Conjunto Habitacional Heliópolis Gleba G, projeto desenvolvido pelo escritório Biselli Katchborian Arquitetos Associados, destaca-se como um exemplo inovador de arquitetura e urbanismo na cidade de São Paulo.
A ampliação recente do conjunto, que ocorreu mais de 10 anos após a inauguração da primeira fase, foi realizada seguindo o conceito de “quadra aberta” e incorporou novos blocos residenciais.
A continuação do Programa de Reurbanização de Favelas da Prefeitura de São Paulo, através da Secretaria de Habitação, resultou na ampliação do Conjunto Habitacional Heliópolis Gleba G – Fase 2. O novo bloco residencial, composto por 221 apartamentos em cinco pavimentos, enfrentou o desafio de adensamento sem a possibilidade de utilização de elevadores. Para superar essa limitação, os arquitetos aproveitaram o desnível da rua adjacente e implementaram térreos diferenciados para cada edifício, acompanhando as cotas variáveis do terreno.
“A implantação dos novos blocos manteve o conceito de “quadra aberta”, proporcionando espaços amplos e abertos, redefinindo a relação entre o edifício, o indivíduo e o coletivo”, analisa o arquiteto Artur Katchborian. “Uma das principais diretrizes foi a participação integral dos usuários finais, algo incomum nesse tipo de empreendimento intermediado pelo Estado”.
Passarelas em treliças conectam os edifícios, enquanto grandes portais marcam os acessos aos pátios internos. Esses espaços se tornam áreas de convivência, lazer e prática esportiva para a comunidade, promovendo a integração social. O projeto cromático utilizado anteriormente foi mantido, conferindo identidade visual e ressaltando a presença dos espaços de convívio.
A escolha do sistema construtivo em aço, com laje em steel deck, para as passarelas metálicas proporcionou eficiência e durabilidade à obra. “Essas estruturas permitiram a propagação dos diversos térreos entre as torres, viabilizando a quantidade de unidades habitacionais exigida pela SEHAB, sem a necessidade de elevadores”, conta o arquiteto. “O uso do aço possibilitou vencer grandes vãos com perfis mais esbeltos, criando uma transparência que se integra harmoniosamente à paisagem”, completa Artur Katchborian.
Segundo o arquiteto, as passarelas metálicas foram projetadas e integradas aos edifícios considerando o desafio de adensamento sem a possibilidade de verticalização. “Essa solução permitiu a conexão entre os prédios e a criação dos pátios internos”, afirma Artur Katchborian. “A análise dos bombeiros levou à proposta de conexões em concreto, funcionando como pilares, que liberaram as treliças para vencerem os vãos. Essa adaptação resultou em uma solução muito boa”.
O destaque dado ao uso do aço nas passarelas contribui para a valorização estética e funcional do conjunto habitacional Heliópolis Gleba G. Além das passarelas, outras estruturas metálicas, como os guarda-corpos e as telas de proteção nos corredores, mantêm sua identidade e protagonismo, agregando qualidade e beleza ao empreendimento.
O projeto das passarelas metálicas foi concebido levando em conta a incidência solar e a ventilação natural. A transparência lateral das estruturas proporciona ventilação constante e por todos os lados. “Além disso, as telhas tipo sanduíche reduzem o efeito da irradiação solar, garantindo um ambiente mais confortável para os moradores”, destaca o arquiteto.
É possível notar que o projeto buscou garantir uma melhor incidência solar e uma boa ventilação nos espaços entre os edifícios. O recuo máximo entre as torres permitiu um maior aproveitamento da luz solar. O pátio interno funcionando como um extrator de ar quente por convecção contribui para a circulação do ar, promovendo um ambiente mais fresco e agradável.
Artur Katchborian explica que as passarelas metálicas contribuem para o conforto e a qualidade de vida dos moradores, proporcionando uma circulação fluida entre os edifícios. “A possibilidade de se deslocarem diretamente de térreo para térreo, sem sair do condomínio, através desses espaços incríveis, que se formaram a partir do posicionamento dos edifícios, garante uma experiência única e facilita a interação entre os moradores”, analisa.